quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Pigmentos naturais podem ser produzidos a partir de fungos


Pigmentos biosintetizados a partir de fungos poderiam ser usados como uma fonte confiável de corantes naturais, de acordo com uma nova revisão

Pesquisadores da Dinamarca afirmaram que o interesse industrial em fungos como fontes de corantes naturais, tem sido "ressuscitado" após a DSM (Life Sciences and Materials Sciences Company) ganhar aprovação da União Europeia para a síntese fúngica de beta-caroteno. A revisão, publicada em “Trends in Biotechnology”, descreve as principais questões e tendências na produção de corantes naturais de qualidade alimentar, a partir de fontes fúngicas, alegando que a biossíntese de pigmentos fúngicas manteve-se um recurso relativamente inexplorado. "A capacidade da classe policetídeo de pigmentos naturais a partir de fungos ascomicetos para servir como corantes naturais sustentáveis chamou à atenção de cientistas de alimentos, tanto na universidade quanto na indústria, apesar do enorme potencial econômico e de marketing", escreveram os pesquisadores, liderados pela professora Anne Meyer, da Universidade Técnica da Dinamarca.

Biossíntese

Atualmente, a maioria dos corantes naturais autorizados pela União Européia são extraídos de matérias-primas de insetos e plantas floridas. Assim, a produção de corantes naturais pode variar de lote para lote, dependendo do fornecimento de materiais externos e de fatores sazonais. No entanto, muitos fungos e líquenes são conhecidos por produzir e secretar atualmente uma grande variedade de pigmentos, com uma gama considerável de cores. Pigmentos fúngicos são geralmente biosintetizados como produtos secundários durante o metabolismo e são conhecidos como policetídeos. Os autores notaram que este método de produção poderia minimizar as variações de lote para lote. Eles afirmam que a síntese fúngica de corantes naturais "tem a vantagem de tornar o produtor independente da oferta sazonal de matérias-primas.” O objetivo do novo estudo foi analisar o potencial de produção de pigmentos policetídeo de cepas fúngicas em um ambiente industrial. 


Potencial

Os autores relatam "um tremendo potencial para o desenvolvimento de sistemas robustos de produção de fungos para pigmentos policetídeo". Segundo os pesquisadores, a biossíntese de corantes naturais a partir de fungos poderia garantir que "a produção do corante fosse realizado sob condições controladas em biorreatores que ofereceriam a independência do fabricante de corantes da alimentação de fontes externas sazonais de matérias primas, e potencialmente minimizaria as variações de lote para lote”. A recente aprovação da União Europeia para o uso de carotenóides fúngicos como corantes de alimentos, reforçou as perspectivas para a síntese fúngica de pigmentos policetídeo. Além disso, a nova legislação aprovada pelo Parlamento Europeu, afirma que alimentos que contenham corantes sintéticos - como a tartrazina, quinoleína amarela e carmoisina amarelo crepúsculo - exigem uma etiqueta indicando que o produto pode ter um efeito adverso sobre a atividade e a atenção em crianças.“Deve ser possível garantir a produção eficiente e controlada de pigmentos policetídeo em cepas de Penicillium potencialmente seguro usando o conhecimento atual, sem manipulação genética . Acreditamos que é o momento propício para capitalizar sobre as fontes fúngicas de corantes alimentícios naturais pois os fungos filamentosos detêm um enorme potencial como alternativas ou fontes complementares disponíveis para a produção do pigmento", acrescentaram os autores do artigo.

Mercado potencial

Cores naturais - que perderam sua apelação quando corantes sintéticos chegaram ao mercado, prometendo maior consistência, estabilidade térmica, gama de cores e custo - estão voltando à moda à medida que o consumidor aumenta a consciência sobre a ligação entre dieta e saúde. O valor do mercado de corantes internacionais foi estimado em cerca de 1.15 bilhões de dólares em 2007, com alta de 2,5% a partir de 1.07 bilhões de dólares em 2004, de acordo com Leatherhead Food International (LIF). As cores naturais agora compõem 31 por cento do mercado de corantes, em comparação com 40 por cento para os sintéticos, de acordo com LFI.


Fonte: Trends in Biotechnology, Volume 28, Issue 6, pages 300-307, doi: 10.1016/j.tibtech.2010.03.004, “Fungal polyketide azaphilone pigments as future natural food colorants?” Authors: S.A.S. Mapari, U. Thrane, A.S. Meyer.

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