quinta-feira, 7 de julho de 2011

Alimentos Irradiados - Parte II

Em 1983, a Comissão do Codex Alimentarius, um grupo das Nações Unidas que desenvolve normas internacionais para alimentos, concluiu que alimentos irradiados abaixo de 10 kGy não apresentam risco toxicológico. Atualmente, níveis de tratamento dentro desta faixa, estão sendo mundialmente realizados.

Nem a energia gama, nem os níveis internacionais estabelecidos para aceleradores de elétrons podem fazer com que o alimento se tome radioativo. O processamento por radiação não torna o alimento radioativo da mesma forma que os raios X usados para a segurança em aeroportos não tomam as bagagens radioativas. Sobre este assunto reveja a aula A Interação da Radiação Gama com a Matéria, particularmente o tópico sobre a interação de Fotodesintegração.

Para cada tipo de alimento pode-se determinar um limiar de dose quando ultrapassado povoca mudanças organolépticas, conforme exemplo abaixo:



PRODUTO
LIMIAR DE DOSE(kGy)
Cardamomo
7,5
Semente de aipo
> 10,0
Canela
10,0 < L.D<  20,0
Cravo
< 20,0
Coentro
< 5,0
Cominho
6,0 < LD < 10,0
Erva-doce
> 10,0
Alho-em-pó
3,0 < L.D < 4,5
Gengibre (seco)
> 10,0
Semente de mostarda
> 10,0
Noz-moscada
> 10,0
Cebola em pó
< 10,0
Orégano
> 10,0
Páprica
> 8,0
Pimenta-preta
> 7,5
Pimenta-branca
> 9,0
Pimenta-vermelha
10,0
Tomilho
>10,0


A tabela abaixo ilustra doses aceitáveis para um conjunto de alimentos.


TIPO DE ALIMENTO
DOSE
(kGy)
EFEITO
CARNE, FRANGO, PEIXE, MARISCO, ALGUNS VEGETAIS, ALIMENTOS PREPARADOS
20 a 70
 Esterilização. Os produtos tratados podem ser armazenados.
(~ temperatura ambiente)
ESPECIARIAS E OUTROS TEMPEROS
  8 a 30
Reduz o número de micro organismos e destrói insetos.Substitui produtos químicos.
CARNE, FRANGO, PEIXE
   1 a 10
Retarda a deterioração. Mata alguns tipos de bactérias patogênicas (Salmonela).
MORANGOS E OUTRAS FRUTAS
  1 a 4
Aumenta o tempo de prateleira, retarda o aparecimento de mofo.
GRÃOS, FRUTAS E VEGETAIS
 0,1 a 1
Mata insetos ou evita sua reprodução. Pode substituir, parcialmente, os fumigantes.
BANANAS, ABACATE, MANGA, MAMÃO E OUTRAS FRUTAS NÃO CÍTRICAS
0,25
 a
0,35
Retarda a maturação.
CARNE DE PORCO
  0,08 a 0,15
Inativa a Trinchinela.
BATATA, CEBOLA, ALHO
 0,05 a 0,15
Inibe o brotamento.

         


REGULAMENTOS SOBRE IRRADIAÇÃO DE ALIMENTOS 

Símbolo de Produtos Irradiados     
Símbolo Intenacional para indicar que o produto foi irradiato
O símbolo internacional da irradiação de alimentos foi estabelecido para indicar produtos alimentícios tratados por irradiação.


Alimentos irradiados já foram aprovados em dezenas de países ao redor do mundo (ver o quadro na próxima página). Alimentos são normalmente aprovados para irradiação em bases individuais. Por exemplo, nos EUA uma aprovação para se irradiar um alimento é concedida pela Administração de Alimentos e Drogas (FDA), depois do exame de uma petição específica para aquele alimento. Uma petição pode ser submetida por um indivíduo, uma empresa privada, uma instituição educacional ou qualquer outra entidade. Outros países têm procedimentos similares. Alimentos irradiados oferecidos para consumo em mercearias devem ser rotulados como símbolo internacional denominado"Radura", mostrado abaixo.
O símbolo deve ser acompanhado pelas palavras "tratado por irradiação" ou "tratado com radiação". Esta rotulagem é exigida por lei, para informar aos consumidores que eles estão comprando um alimento que foi processado. Este aviso é necessário porque a radiação não deixa nenhum vestígio indicando que o alimento foi processado. Ninguém pode detectar se um alimento foi irradiado seja pela aparência, cheiro ou toque. Isto contrasta com outras técnicas de processamento, tais como cozinhar, enlatar ou congelar, processos em que se percebe o tratamento. Os alimentos irradiados servidos em estabelecimentos tais como restaurantes não necessitam de nenhum rótulo ou declaração no cardápio, pois o alimento oferecido, obviamente terá sido processado. A rotulagem, também, não se faz necessária no caso de ingredientes irradiados que entram em um composto alimentar em pequena proporção. Como exemplo disso pode-se citar um ingrediente seco ou tempero que foi processado por irradiação, e depois adicionado em pequena proporção em um produto alimentício.

Alimentos Irradiados no Brasil

No Brasil, a legislação sobre irradiação de alimentos existe desde 1985 (Portaria DINAL no. 9 do Ministério da Saúde, 08/03/1985). Apenas duas empresas realizam esse serviço e estão localizadas no estado de São Paulo.
Em Piraciba, o Centro de Energia Nuclear para Agricultura (CENA), da Universidade de São Paulo, vem realizando pesquisas na área e presta serviço para as indústrias. O Instituto de Pesquisas Nucleares, também da USP, além de realizar pesquisas na área, realiza um trabalho junto aos produtores, mostrando os benefícios e vantagens da irradiação de alimentos.
Leia também http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/21_01rdc.htm para conhecer a Resolução - RDC nº 21, de 26 de janeiro de 2001entre outros assunto encontra-se nesse site um conjunto de definições que constitui um verdadeiro resumo da temática dos Alimentos Irradiados:



RESUMO GERAL

 (Extraído da Resolução - RDC nº 21, de 26 de janeiro de 2001)

Irradiação de alimentos:
Processo físico de tratamento que consiste em submeter o alimento, já embalado ou a granel, a doses controladas de radiação ionizante, com finalidades sanitária, fitossanitária e ou tecnológica.

 Alimento irradiado
É todo alimento que tenha sido intencionalmente submetido ao processo de irradiação com radiação ionizante. 

Radiação ionizante
 Qualquer radiação que ioniza átomos de materiais a ela submetidos. Para efeito deste Regulamento Técnico serão consideradas radiações ionizantes apenas aquelas de energia inferior ao limiar das reações nucleares que poderiam induzir radioatividade no alimento irradiado.

Dose absorvida
Quantidade de energia absorvida pelo alimento por unidade de massa. 

Irradiadores
Equipamentos utilizados para irradiar alimentos.

Designação
A denominação dos alimentos tratados por irradiação é a designação do alimento convencional de acordo com a legislação específica.

Fonte: USP e Anvisa